A qualidade do sono tem um papel essencial em diversos aspectos da saúde, e um dos mais relevantes, embora muitas vezes negligenciado, é seu impacto direto sobre o apetite e a ingestão calórica diária. Há consenso na literatura científica de que dormir menos do que o necessário provoca alterações neuroquímicas capazes de desregular os mecanismos de fome e saciedade.
Diversos estudos apontam que, em cenários de restrição de sono, ocorre um aumento na liberação de substâncias que estimulam o apetite, ao mesmo tempo em que há uma redução de hormônios responsáveis por promover a saciedade. Essa combinação cria um cenário propício ao aumento do consumo calórico, mesmo sem aumento proporcional na necessidade energética do corpo.
Um estudo publicado em 2016 observou que grande parte desse acréscimo calórico em indivíduos privados de sono ocorre principalmente em forma de pequenas porções de alimentos consumidas fora dos horários tradicionais das refeições. Esses achados estão em consonância com pesquisas anteriores, que demonstram que a privação de sono pode levar a um padrão alimentar mais desorganizado, caracterizado por episódios de “belisco” frequente ao longo do dia.
Esse comportamento alimentar pode resultar em grande impacto ao longo do tempo, especialmente em indivíduos que já enfrentam desafios relacionados ao peso corporal ou à adesão a um plano alimentar estruturado.
Alimentação e sono caminham juntos e se influenciam mutuamente. Garantir noites de sono reparadoras deve ser entendido não apenas como um pilar da saúde geral, mas também como uma estratégia eficaz no manejo do apetite e da ingestão calórica.